A cada dois anos o sindicato realiza uma pesquisa com a categoria com o objetivo de acompanhar as mudanças, problemas e desafios pelos quais passam os trabalhadores no comércio de Teresina e nortear as ações do sindicato para lutar pelos anseios dos comerciários/as, explicou Gilberto Paixão, secretário geral do Sindicato dos Comerciários e 1° Secretário da Contracs/CUT.
A campanha salarial de 2008 luta, entre outros pontos, por reajuste salarial do piso para R$ 600,00, pelo fechamento do comércio aos domingos e pela redução da jornada no B-R-O-BRÓ (meses de setembro e outubro em que o calor após às 13 horas fica insuportável) para 6 horas diárias.
“Estamos marcando as primeiras mesas de negociações com o setor patronal e acreditamos no fechamento da Convenção, porque o momento é favorável, uma vez que a economia está crescendo, o governo deu um reajuste do salário mínimo de 16% e as vendas do comércio em Teresina bateram recordes”, disse o dirigente.
Pesquisa
A pesquisa sobre o perfil dos comerciários/as de Teresina foi realizada pelo Instituto Piauiense de Opinião Pública (IPOP), entre os dias 10 e 23 abril, com entrevista do tipo face a face com o comerciário/a, no local de trabalho e apresenta os principais problemas enfrentados pela categoria.
Os principais pontos revelados pela pesquisa são:
- Em linhas gerais os bens mais presentes nas residências dos trabalhadores comerciários são: Geladeira 98,67%; Televisão 98%; Aparelho de Som 79,67%; Celular 89,67%. E os menos presentes: Freezer 15,67%; Computador 27,33%; Microondas 20%; Máquina de Lavar 25,67%;
- 31% possuem plano de saúde contra 69% que não possuem;
- 86,09% não recebem auxílio educação;
- O meio de transporte preponderante na categoria comerciária continua sendo o transporte coletivo (ônibus) 50%. Porém, se somados o número de trabalhadores que se deslocam para o trabalho a pé (9,67%) com o número de trabalhadores que utilizam bicicleta (9,67%), chega-se a 19,34% de trabalhadores que estão sujeitos à violência, como assaltos e atropelamentos, por conta de sucessivas políticas de corte dos vales-transportes;
- 29,33% dos comerciários não recebem o que está registrado na Carteira de Trabalho. São trabalhadores lesados por empresários do comércio. Dos que não recebem o que está contratado na Carteira Profissional, 12,5% recebem menos do contratado e 86,36% recebem mais do que o contrato. Em qualquer uma das situações acima está caracterizada a sonegação. Se o empregador paga menos do que está registrado em carteira comete um crime contra o trabalhador, se paga mais além de prejudicar o trabalhador nas férias e 13º, comete um crime de sonegação contra o estado, a partir do momento em que diminui a base de cálculo para previdência e fundo de garantia;
- 51,11% dos (30% de) trabalhadores que fazem hora-extra não recebem nada por isso. A exploração do trabalho é uma das marcas registradas do empresariado do comércio;
- Questionados se existe exploração do trabalho na atividade do comerciário, 72% concordam haver exploração. A soma de baixos salários, corte nos vales- transportes e o não pagamento de hora-extra geram um clima de total exploração junto aos trabalhadores;
- Em relação aos hábitos de lazer: 54,33% não freqüentam clube social; 34% não freqüentam restaurantes; 48% não costumam viajar; 81% não freqüentam teatro e 72,67% não freqüentam cinema;
- Perguntados sobre problemas de saúde adquiridos no exercício da profissão: 53,33% relataram a ocorrência de problemas de coluna; 13,33% Estresse; 13,33% Varizes; 6,67% Artrose cervical; 6,67% Gastrite nervosa; 6,67% Dores nos pés;
- 85,67% não recebem ticket alimentação;
- Os principais problemas da categoria segundo os próprios trabalhadores são: Salário Baixo, Jornada de Trabalho excessiva, falta de comunicação por parte dos patrões, condições precárias de trabalho e desvalorização dos funcionários;
- Quanto à abertura do comércio aos domingos e feriados, 91,67% dos comerciários entrevistados são contra;
- 73,33% concordam com a Redução da Jornada de Trabalho no B-R-O BRÓ (Setembro e Outubro) para 6 horas corridas e
- 80% dos trabalhadores aprovam a atuação do sindicato.
Atendimento psicológico para a categoria e familiares
A percepção do alto nível de estresse dos trabalhadores levou o sindicato a contratar um psicólogo para atender a categoria. “A cobrança diária por produtividade, o estresse diário são problemas comuns e de forte impacto na vida dos trabalhadores no comércio. Temos um psicólogo contratado com todo o tempo tomado pelos comerciários e familiares”, ressaltou Gilberto Paixão.