A audiência contou com a presença não só de sindicalistas, mas também de especialistas em relações de trabalho, como o sociólogo José Pastore e o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Márcio Pochman.
Pastore afirmou que a maioria dos países evita mudar a jornada prevista em lei para não criar dificuldades em casos emergenciais. Já Márcio Pochman apresentou vários números, como o que revela que as horas extras pagas no Brasil em um ano representam 6 milhões de empregos não gerados.
As visões divergentes entre trabalhadores e empregadores ficaram bem nítidas durante a audiência. O representante da Federação Brasileira de Bancos, Magnus Ribas, considera que a legislação trabalhista não deve igualar todos os setores da economia.
"É uma forma de engessamento que não deve fazer bem ao país nem aos trabalhadores e nem à sociedade. Os acordos e convenções coletivas que oferecem condições muito acima das exigências legais comprovam que é possível negociar vantagens não previstas em lei, não só na jornada, como nos demais benefícios"
O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Arthur Henrique Santos, observa que a mudança não vai acabar com a negociação coletiva, mas apenas definir um limite máximo para a jornada de trabalho.
"Ela vai propiciar a geração de mais de dois milhões de novos empregos com carteira assinada, empregos formais, mais tempo para o lazer e a cultura, que é fundamental para o desenvolvimento do país, mais tempo para a família e principalmente, para alguns, com certeza será mais tempo para qualificação profissional"
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, recebeu das centrais sindicais o documento com 1 milhão e meio de assinaturas. Para ele, essa grande mobilização demonstra que a proposta merece ser analisada com atenção pelos parlamentares. Atualmente, a Câmara dos Deputados analisa três projetos de lei e uma proposta de emenda à Constituição que modificam a jornada de trabalho semanal no país.
De Brasília, Mônica Montenegro