Publicada Sexta-feira, 21/11/2008
Mulher
Só um país sem violência chegará ao desenvolvimento pleno, diz ministra
No lançamento nacional da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Nilcéa Freire, afirmou que todos os brasileiros têm um papel a cumprir na redução da violência em geral, e não apenas da violência contra as mulheres.

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O evento foi realizado nesta quinta-feira (20), pela coincidência com o Dia Nacional da Consciência Negra, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

- Só teremos um país mais justo, com desenvolvimento pleno, se não tivermos mais violência nas ruas e em casa. E essa é uma tarefa que cabe a todos nós - afirmou Nilcéa Freire, co-promotora da campanha, que é de âmbito mundial.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) concordou com a afirmação da ministra. Para ele, deveria haver um índice que medisse a violência contra as mulheres, da mesma forma que há os índices para mensurar a atividade econômica, exemplificou. Dessa forma, acredita o senador, seria possível haver um referencial que seria, a princípio, expressivo até "para nos envergonharmos", mas também um referencial para o trabalho de "zerar" a violência.

- Em geral, valorizamos muito os fatos econômicos em detrimento da educação - comentou Mesquita Júnior.

O parlamentar sugeriu ainda que os atos de violência contra as mulheres passem a ser considerados crimes hediondos. Para o senador, é preciso não só cessar a violência, mas introduzir a prática do amor e do respeito para com as mulheres.

- É inadmissível um crime que atenta contra a matriz da vida humana. Precisamos refletir sobre a possibilidade de avançarmos ainda mais na punição da violência contra mulheres, para aterrorizarmos aqueles que se acham no direito de agredi-las - afirmou o senador.

História

O processo de instituição, em 1991, da campanha 16 Dias de Ativismo foi apresentado pela diretora-executiva da organização Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento (Agende), Marlene Libardoni. Emocionada, falou da história da luta contra a violência e lembrou que a aprovação da Lei Maria da Penha Entenda o assunto permitiu que, finalmente, a campanha chegasse "às massas".

- O objetivo é sensibilizar a população sobre a violência contra as mulheres. A campanha aponta para um futuro positivo, um futuro sem violência - disse.

A reunião foi realizada a requerimento do presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS). Participaram do evento, além de Paim e de Mesquita Júnior, os senadores Jayme Campos (DEM-MT) e Romeu Tuma (PTB-SP).

A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres é uma mobilização educativa de luta pela erradicação desse tipo de agressão e pela garantia dos direitos humanos. A campanha mundial é realizada de 25 de novembro a 10 de dezembro. No Brasil, ela começa mais cedo - 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, como forma de destacar a mulher negra, que sofre dupla discriminação: a de raça e a de gênero. Outras informações sobre o movimento podem ser obtidas no site criado para divulgar os quase 18 anos de atividades: www.campanha16dias.org.br.

Silvia Gomide / Agência Senado