Publicada Quinta-feira, 12/06/2008
Agressão
PMs acusados de espancar e torturar comerciário são presos
Os policiais militares que torturaram e espancaram covardemente o comerciário José Roberto Martins, de 36 anos, já estão presos.

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    São eles o tenente Iratan Bezerra, o cabo Manoel e o soldado Francisco Neto. Eles vão ficar aquartelados durante oito dias, não podendo sair, enquanto tramita o inquérito policial sobre o caso. O oficial ficará recolhido no Quartel do Comando Geral (QCG) e os dois praças no 1º Batalhão da PM, no bairro Ilhotas, ambos na zona Sul da capital. "Eles já foram identificados e informados que a partir de hoje(13), ficaram recolhidos durante o andamento do inquérito", acrescentando que os três eram lotados na Companhia da Santa Maria da Codipi.


    O inquérito policial militar aberto tem como base uma denúncia crime da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional piauiense, que está acompanhando o caso, de acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PI, Lucio Tadeu.

    Segundo a denúncia da OAB-PI, o caso teria acontecido no último domingo, na Avenida Duque de Caxias, zona Norte da capital, após uma discussão no trânsito. José Roberto teria batido seu carro outro, de propriedade de um oficial de justiça, que seria parente de um dos PMs acusados de torturar o comerciário. "Fui espancado pelo dono do veículo e em seguida pelos militares, sendo que dois deles afirmaram ser parentes", disse a vítima.

    A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB Piauí formalizou um documento de Notícia Crime, no qual atesta tentativa de homicídio qualificado, mediante tortura cometidos por PMs contra o comerciário José Roberto Martins, 36 anos, morador do bairro Mocambinho em Teresina.

    A Ordem foi comunicada dos fatos pelos patrões da vítima, que é chefe do setor de eletroeletrônico do Armazém Paraíba, em Timon, Maranhão.

     Os episódios ocorreram na noite do último domingo (08), na zona Norte da capital, quando José Roberto se dirigia de sua casa para buscar a esposa na casa do sogro, nas proximidades do Parque da Cidade, quando o retrovisor do seu carro parece ter tocado no carro de Francisco Iglenor Bezerra de Oliveira. Como não percebeu nenhum arranhão nos dois carros, José Roberto seguiu rumo a Avenida Duque de Caxias, quando foi perseguido por Francisco, até ser interceptado por este.

    Iniciou-se aí uma série de agressões físicas contra o comerciante, que disse ter sido esmurrado no rosto ainda dentro de seu carro.

    Quando saiu do veículo para se defender, foi socado no chão por Francisco, até que o fato chamou a atenção da população, que saiu em defesa da vítima. José Roberto contou que foi para a casa do sogro, pegou a esposa e voltou para sua casa, quando percebeu que sangrava pela boca.

    Ao dizer que era um cidadão e onde trabalhava, o grupo parou o carro e o tirou de dentro para o colocar no bagageiro, como um bandido que foi autuado numa operação da polícia. José Roberto foi levado para a Central de Flagrantes e lá os policiais e o agressor afirmaram que o levaram porque teria desacatado autoridade e reagido à prisão. O delegado de plantão, Paulo César Eckardt, registrou o fato, mas resolveu não prender José Roberto.

    Segundo o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Lúcio Tadeu Santos, a ação da polícia foi "ilegal, imoral, covarde e desumana".