Entidades
sociais ligadas a diversos setores criticaram nesta quarta(3) a possibilidade
de alteração da redação do Programa Nacional dos Direitos Humanos
(PNDH3) que trata do aborto. “Usam o nome de Deus e da vida para
criminalizar uma coisa que diz respeito à própria vida das mulheres”,
disse Silvia Camurça, representante da Articulação de Mulheres
Brasileiras.
Ela explicou que o plano foi elaborado após a
realização de mais de 150 conferências com a sociedade civil. O secretário especial de Direitos
Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou ontem que, por determinação do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serão modificadas as propostas sobre aborto que constam
no PNDH.
O
3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) foi debatido, nesta
quinta-feira, por entidades civis durante a reunião promovida pela
Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara Federal.
O coordenador do Movimento Nacional
de Direitos Humanos, Gilson Cardoso, ressaltou que o mais importante é o debate
promovido e o pacto estabelecido com a sociedade. “Esta
história de colocar a sujeira debaixo do tapete não é adequada. O
aborto vitima milhares de mulheres anualmente. O plano deveria
permanecer como foi discutido com mais de 14 mil pessoas.”
Para a representante do Fórum Nacional de Entidades de
Direitos Humanos, Andrezza Caldas, é preocupante o governo se curvar aos setores que
querem alterações no PNDH3. “Quem deve ser ouvida sobre a
descriminalização do aborto não são as congregações religiosas,
formadas marcadamente por homens que não tem filhos, mas as mulheres e
grupos feministas”, ressaltou.
Andrezza afirmou ainda que alguns
setores conservadores querem inverter ideologicamente o significado dos
direitos humanos em nome da defesa da liberdade de imprensa ou do
direito à vida no caso da igreja católica. “Estamos falando de
interesses de grupos que são oligarquias, que retratam um Brasil
colonial onde as vozes mais ouvidas são os das forças armadas, o clero
e os representantes de propriedades rurais.”
Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil