Publicada Segunda-feira, 29/03/2010
Marcha das Mulheres
Categorias de comércio e serviços participam da Marcha Mundial das Muheres
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Teresina (PI) também enviou algumas representantes. Na caravana que partiu do Piauí com 65 pessoas, três eram comerciárias. Além dos dez dias de marcha, a delegação do Piauí ainda enfrentou mais seis dias de viagem (ida e volta).

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Categorias de comércio e serviços participam da Marcha Mundial das Muheres


“O primeiro dia foi cansativo, mas depois entrei no ritmo. Não é nada de dificultoso estar com todas as companheiras.” avaliou a doméstica de Campinas (SP), Domingas Aparecida Cardoso de Souza.
Era a última noite de acampamento e a doméstica preparava um pedaço de papelão para cobrir o chão embaixo de seu fino colchonete para se proteger do frio que fazia.
Como integrante do grupo de mulheres na periferia de Campinas, Domingas já havia participado de outros atos pelo Dia das Mulheres e até de outras marchas de reivindicação de direitos, no entanto, esta foi a primeira vez que a doméstica caminhou por dez dias.
“Uma coisa não me conforma: o problema dos afazeres domésticos, mas o que mais me choca é a violência doméstica. Por que um ser humano tem o direito de agredir outro ser humano?” indigna-se Domingas, que participou da marcha exatamente para acabar com essa violência.
As dificuldades existiram, mas não foram empecilhos. “O colchonete está duro, mas dá para agüentar. Isso não é empecilho.” E este não foi a única dificuldade pela qual ela passou. “Amo tomar leite, mas nem sempre aqui tem. Nem banho frio foi empecilho. Vencemos estes obstáculos para marchar até que todas sejam livres.” finalizou.
Comerciárias
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Teresina (PI) também enviou algumas representantes. Na caravana que partiu do Piauí com 65 pessoas, três eram comerciárias. Além dos dez dias de marcha, a delegação do Piauí ainda enfrentou mais seis dias de viagem (ida e volta).
Para a comerciária Sara Tamara Pimentel Neves, o percurso foi emocionante. “Eu estava com dor, mas eu não queria ir para o carro de apoio porque eu sofria mais de ficar no carro sabendo que elas iam percorrer tudo aquilo a pé.” Ao todo, as mulheres marcharam cerca de 120 km
“O que a gente passou não é brincadeira. São muitas experiências de vida e só vivendo para sentir.” avaliou Sara.
Para a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs/CUT), Maria do Rosário Assunção, a marcha é uma escola devido à formação, à convivência, aos aprendizados. “A experiência é muito válida. Teve conhecimento com vários estados, raças, etnias e grupos.”
Apesar de difícil, Maria do Rosário e outras companheiras comerciárias conseguiram acompanhar a marcha que percorria entre 10 e 14 quilômetros por dia.
Para Rosário a luta é extremamente importante e é a única forma de conquistas e aprendizados. Por isso, a comerciária fez questão de participar desta luta. “A gente só aprende praticando. Eu não posso falar da Marcha a partir do que me falaram. Eu tenho que participar. A luta é importante.”
Embora tenha conseguido caminhar os mais de cem quilômetros da marcha sem ir para o carro de apoio, Rosário destaca que o cansaço foi um grande obstáculo, especialmente por ser comerciárias e não ter o hábito de caminhar. “Espero que a gente supere porque estamos aqui para aprender com isso e para que possamos conquistar nossas reivindicações.”
Antes mesmo de finalizar a marcha, Maria do Rosário já passava o que tinha aprendido naqueles dias. “O que me engrandeceu mais foi a convivência, a solidariedade, onde você aprende com os pensamentos diferentes, com as diferenças culturais e isso vai resultar nas conquistas que queremos ter: respeito, dignidade, solidariedade.”
Depois de 10 dias caminhando Rosário só tinha um desejo: “Que depois da Marcha a sociedade veja a mulher de forma especial e que a mulher tenha mais oportunidades.”
A Contracs parabeniza as companheiras que participaram da marcha e diz em alto e bom tom: TEMOS ORGULHO DESSAS MULHERES GUERREIRAS QUE DEIXARAM SEUS LARES, SEUS AFAZERERS , SUAS FAMÍLIAS E SE COLOCARAM EM MARCHA PARA MOSTRAR A SOCIEDADE O SEU OBJETIVO: A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NA VIDA NO TRABALHO E NO MOVIMENTO SINDICAL.
Escrito por Adriana Franco