O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que o governo federal pretende
incentivar a formação de professores no país. A ideia do governo é criar
um programa de incentivo para que alunos que prestarem o Enem possam fazer um
curso de forma.
“Essa
profissão [de professor] que já foi nobre, está sendo destruída, porque nós
descobrimos que ninguém mais quer ser professor”, lamentou Lula, em discurso
feito durante o lançamento do Plano Nacional de Abastecimento Alimentar
“Alimento no Prato”. (Planaab),
em Brasília (DF), nesta quarta-feira 16.
“Nós vamos
ter que criar um programa de incentivo para alunos que prestarem o Enem fazerem
um curso para se transformarem em professores. Porque ganha muito pouco, tem
muito trabalho e as pessoas não querem”, disse Lula, sem dar detalhes sobre a
iniciativa.
O petista
sinalizou, porém, que o tema será prioridade do governo após a sua participação
na reunião de cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia, que acontece na próxima
semana.
Nos últimos
anos, várias pesquisas indicaram a tendência de queda no interesse pelo
magistério, nos mais diferentes níveis. No primeiro semestre, por exemplo,
um levantamento do Instituto Semesp mostrou que oito em cada dez professores da
educação básica já pensaram em desistir da carreira. Motivos, aliás, não
faltam: pouco reconhecimento profissional, baixo retorno financeiro e carga
horária excessiva foram apontados como alguns deles, assim como o próprio
desinteresse dos alunos.
A realidade
também é pouco estimulante na educação de nível superior. O mais recente Censo
da Educação Superior, elaborado pelo Inep e pelo Ministério da Educação (MEC),
mostrou que, só no ano passado, 67% dos estudantes universitários dos cursos de
licenciatura estudavam na modalidade de Educação à Distância (EAD).
O problema,
segundo o próprio MEC, é que os cursos da modalidade podem prejudicar a própria
formação dos professores. Especialistas indicam que os cursos exploram aulas
gravadas e disponibilizadas para um número ilimitado de alunos, prejudicando a discussão
em sala de aula. Esses elementos contribuem, de acordo com o MEC, para a
mercantilização da formação a nível superior.