O último pedido, do Papa Francisco, poucas horas antes de
partir, foi um recado ao mundo e aos governantes. Francisco apelou pela paz,
pelo fim das guerras, por clemência aos que passam fome e pela liberdade dos
reféns.
O pontífice mencionou a situação de Gaza, mas citou os
demais conflitos que ocorrem pelo mundo e a necessidade de um cessar-fogo
permanente. A mensagem, no Domingo de Páscoa na Praça de São Pedro, no
Vaticano, diante de milhares de fiéis, foi lida por Dom Diego Ravelli, Mestre
das Cerimônias Litúrgicas Pontifícias.
Porém, o papa, mesmo debilitado estava presente e,
inclusive, circulou entre os fiéis. Segundo o santo padre, é preciso
recuperar a esperança e acredita que a paz é possível. “Gostaria”, insistiu
Francisco. “Que recuperássemos a esperança de que a paz é possível”,
acrescentou. Ele lamentou o aumento de animosidades entre os povos irmãos. “Há
um crescente clima de antissemitismo que está se espalhando pelo mundo”,
lembrou.
Conflitos em Gaza
O papa Francisco morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira
(21). A morte do papa foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do
Vaticano: “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do
Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja”,
informou.
Antes de partir Francisco pediu orações para os
cristãos que vivem no Líbano, na Síria e no Iêmen que estão em situação de
guerra prolongada. De acordo com ele, tudo passa pela “busca de soluções por
meio do diálogo construtivo”.
A guerra em Gaza completa dois anos em outubro, a estimativa
é que mais de 48 mil pessoas morreram nesse período, incluindo crianças,
mulheres e idosos. Os palestinos que permaneceram na região estão sem as
condições mínimas de sobrevivência por ausência de infraestrutura básica.
“Em Gaza há um terrível conflito continua a trazer morte e
destruição e a provocar uma crise humanitária dramática e indigna”, destacou o
papa. Ele apelou para a libertação dos reféns e ajuda à população palestina
“que está faminta e anseia por um futuro de paz”.
Paz, algo a ser perseguido
Francisco reiterou que diante de uma situação de guerra
pessoas são não seres inanimados. “Não podemos nos dar ao luxo de esquecer que
o que está em nossa mira não é um mero alvo, mas pessoas com alma e dignidade”,
recordou. “Que a Páscoa seja também uma ocasião propícia para libertar os
prisioneiros de guerra e os presos políticos.”
Prevendo o acirramento dos conflitos armados, Francisco
reiterou que cada nação deve cuidar de si, sem interferências externas. “Há a
necessidade de cada nação prover sua própria defesa não pode se transformar em
uma corrida geral ao rearmamento”, disse.
Para o papa, a lição da Páscoa é o ensinamento da
solidariedade e da generosidade. “Rezemos pelas vítimas e seus entes queridos”,
disse ele. “Agradeçamos sinceramente a todos os generosos voluntários que estão
realizando os esforços de socorro.”
Páscoa, tempo de esperança
Na celebração de domingo, o papa lembrou que a ressurreição
de Jesus é o fundamento da esperança e que, depois deste acontecimento, a
esperança já não é uma ilusão, segundo o Vatican
News.
“Quanta força de vontade vemos todos os dias nos muitos
conflitos que afetam diferentes partes do mundo. Quanta violência vemos muitas
vezes até mesmo nas famílias, contra mulheres e crianças. Quanto desprezo, às
vezes, pelos mais fracos, pelos marginalizados e pelos migrantes.”
Surpreendendo aos presentes, Francisco deixou o papamóvel e
circulou entre os fiéis. Ele parou, especialmente, para conversar com com Dona
Carmela, a “senhora das flores amarelas”. Ela que, durante a internação dele,
levou flores todos os dias ao hospital.