Publicada Quarta-Feira, 25/05/2011
Geral
Entidades propõem mudanças ao projeto da Vara Agrária
Uma audiência técnica requerida pelo deputado Cícero Magalhães (PT), realizada hoje (25) pela comissão de administração da Assembleia Legislativa, resultou numa série de propostas de alteração ao projeto de criação da vara agrária.

                0

Participaram do encontro representantes do Tribunal de Justiça, da Ouvidoria Agrária Nacional e Regional, Incra, Interpi, MST, Comissão Pastoral da Terra, Defensoria Pública e Ministério Público.

A proposta do Tribunal de Justiça, que tramita na Assembléia, prevê uma vara específica, sediada na cidade de Bom Jesus, localizada a 640 km de Teresina, para julgamento de conflitos coletivos sobre posse e propriedade da terra existentes, exclusivamente, em 22 municípios do sul do Piauí. A área concentraria a maior quantidade de litígios, segundo levantamento do TJ.

A implantação da vara agrária é uma das ações previstas no Plano Nacional de Combate à Violência no Campo, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. No Brasil ela existe nos estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Rondônia, Santa Catarina, além do Distrito Federal. O Piauí seria o 9º estado a contar com a vara específica.  A grande contribuição é a disponibilidade de um juiz para atuar “in loco” na resolução dos impasses, dando maior agilidade no julgamento dos processos, levando segurança jurídica e evitando desfechos trágicos em eventuais disputas.

Presente no encontro o assessor da Ouvidoria Agrária Nacional, Sady Pansera, garantiu a doação dos equipamentos, móveis e um veículo, através do programa Paz no Campo, para servir à vara caso seja mesmo implantada.

A iniciativa foi muito elogiada pelos presentes, mas recebeu várias sugestões de alteração. O representante do Ministério Público, promotor Fernando Santos, questionou o raio de atuação da vara. “Sugiro que sejam contempladas cidades como Corrente, além dos municípios da região de São Raimundo Nonato. São muitos os conflitos por lá” ressaltou o promotor.

O MP porpôs ainda a alteração do texto original do projeto para que a vara também possa resolver conflitos individuais e na área urbana. “Circunscrever apenas para conflitos coletivos não atende à necessidade daquela região. As vezes participam apenas 2 pessoas, mas envolve terras devolutas do Piauí que vêm sendo apropriadas irregularmente” pontuou o promotor Flávio Teixeira.

INCRA 

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, defende a criação de duas varas, para contemplar também a região norte do estado. “Uma cidade como Guaribas onde temos conflitos com a população Quilombola não seria contemplada”, justificou Evandro Cardoso, superintendente do órgão.

O juiz auxiliar do TJ, Vidal de Freitas, explicou que o novo organismo vai custar anualmente R$ 1 milhão de reais aos cofres da justiça, não havendo disponibilidade financeira para criação de duas varas. Quanto às alterações sobre competências e atribuições ele disse que podem ser estudadas.

O propositor da audiência, deputado Magalhães, determinou a elaboração de um relatório do que foi discutido e vai levar ao conhecimento do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Edvaldo Moura, antes da votação da matéria pelos deputados. “Vamos aprofundar mais a discussão em um seminário pra sabermos o que de fato é viável de se implantar e depois levaremos ao TJ” finalizou Magalhães.
 
Fonte: ASCOM