Publicada Quarta-Feira, 01/06/2011
Meio ambiente
Restrição a sacolas plásticas exige novos hábitos de consumo
As iniciativas de restrição ou proibição do uso de sacolas plásticas no comércio devem reduzir o descarte de plástico no meio ambiente e aumentar o reaproveitamento de materiais, analisa Estanislau Maria de Freitas Junior, coordenador de conteúdo do Instituto Akatu, organização sem fins lucrativos voltada à educação para o consumo consciente.

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Entre inúmeros benefícios de medidas desse tipo, ele acredita que as restrições às sacolinhas vão impulsionar a separação de materiais que antes iriam parar no lixo e mudar os padrões de vida e consumo.

“O padrão mundial e brasileiro de consumo são insustentáveis”, afirma. “Na falta de sacolas (gratuitas) para colocar o lixo doméstico, as pessoas vão procurar separar mais seus materiais.” Como exemplo, o especialista cita as garrafas pets que aumentam o volume do lixo e se jogadas no lixo doméstico vão exigir mais gastos na compra de sacos de lixo. Sem falar nos danos ambientais.

No lugar de sacolas plásticas de uma única utilização, devem entrar em cena outras mais resistentes e retornáveis como as ecobags ou mesmo de plástico durável. “Nossos pais não usavam”, provoca.

Parcimônia
A principal sugestão do especialista do Instituto Akatu é comprar com parcimônia. “Menos produtos, menos embalagens, menos lixo”. Além do cuidado com o tipo de embalagem, é preciso repensar o conteúdo das sacolas. “Temos de consumir menos e melhor”, alerta o ativista. “Isso vai pressionar menos a produção de novos bens e serviços.”

O efeito das mudanças de hábito de consumo vai impactar positivamente o meio ambiente e a economia. “Vão sobrar recursos para outros investimentos como lazer e cultura”, propõe.

Ainda do ponto de vista econômico, o recolhimento de lixo é “uma atividade cara” para os municípios. “Em São Paulo foram R$ 1,2 bilhão para os cofres públicos jogados no lixo, no ano passado”, diz Freitas.

Ele ainda lista problemas como 400 anos para a decomposição, entupimento de bueiros, poluição de rios e mares e envenenamento de aves e peixes. “Com a distribuição gratuita o consumo se tornou inconsciente, reproduzindo o consumo diário”, compara. “O pior dos mundos é encontrar plástico dentro de plástico, como muitas vezes ocorre com um saco plástico dentro do outro.”

Lista espartana
A segunda sugestão é evitar compras grandes. “Vá mais vezes ao supermercado”, aconselha. E faça uma lista de compras programada e “espartana” para evitar itens desnecessários, porque um terço dos alimentos perecíveis vão para o lixo, de acordo com uma pesquisa do instituto de 2009. “Os supermercados são uma festa de cheiros e sabores. É justo e legítimo para o dono, mas é mais fácil nos rendermos.”

“O pior dos mundos é encontrar plástico dentro de plástico, como muitas vezes ocorre com um saco plástico dentro do outro”, critica especialista do Instituto Acatu.Utilizar sacos ou sacolas de papel no lugar das sacolinhas proibidas ou restritas não é a melhor opção, diz Freitas. Mas o papel é “menos pior”. “Pelo menos ele desfaz em seis meses”, contemporiza. Independentemente das sacolas serem de papel ou plástico, é preciso descartar corretamente. “O melhor é se livrar da embalagem na loja”, analisa o coordenador do Akatu.

Fonte: Contracs