Publicada Terça-feira, 05/07/2011
Artigo
Fusão Carrefour e Pão de Açúcar: momento é de alerta para os trabalhadores
A CONTRACS/CUT repudia a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na negociação de fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour.

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O banco, que tem por principal objetivo fomentar projetos que possam gerar desenvolvimento social e econômico do País, desvia o foco de suas funções ao se mostrar disposto a apoiar a internacionalização de empresas brasileiras, visando apenas aspectos econômicos e deixando de lado aspectos sociais. E mais: disposto a promover o que poderá ser uma empreitada geradora de desemprego para o ramo do comércio e serviços.

Nossa base está apreensiva e atenta ao andamento desta grandiosa e arriscada negociação, uma vez que localidades que tenham lojas muito próximas certamente serão cenário do fechamento de alguma delas. O banco apresenta argumentos de que o financiamento não se dará por meio de dinheiro público, mas por ativos próprios, usados para compra e venda de ações, através do BNDESPar. A concessão de empréstimo de R$ 4 bilhões de um banco que tem no nome a palavra social é inconcebível. Não aceitamos a justificativa de que tamanho investimento tenha por objetivo o fortalecimento da presença internacional de um grande grupo brasileiro, como o Pão de Açúcar.

A transação ainda viabilizaria a formação de um grande oligopólio, já que tal fusão formaria a maior rede varejista do Brasil, com o domínio de um terço do varejo brasileiro. Isso não é livre concorrência, mas um grande empecilho para comerciantes de médio e pequeno porte. A previsão é de um cenário de negociação de vantagens extorsivas sobre os menores do ramo. Com tanto poder, esse novo grupo, o Novo Pão de Açúcar, inviabilizaria a concorrência, gerando uma crise no setor de varejo. E mais: haverá concorrência entre fabricantes, que teriam de firmar parcerias com distribuidores para que não desapareçam.

Esta fusão também é maléfica ao consumidor, uma vez que, sem concorrência, o grupo poderá praticar preços abusivos sem preocupações de perda de público. É a concorrência que garante a baixa de preços e a qualidade dos serviços. E se não há concorrência por haver monopólio, os preços não tem porque serem baixos. O lucro para o Grupo será certo.

Como trabalhadores sindicalistas, sabemos que toda fusão gera desemprego e danos ao consumidor. O BNDES, por sua tradição e princípios, deve ponderar o compromisso com a sociedade, com o trabalhador, e repensar a postura que toma neste momento.

Portanto, a CONTRACS orienta todas as entidades filiadas a se mobilizarem contra fusão do Carrefour com o Pão de Açúcar. O cenário é de preocupação.  Preocupação com a manutenção dos empregos após a fusão. Localidades que tenham lojas muito próximas certamente terão fechadas algumas delas. O que muda para os trabalhadores do ramo e para o consumidor com essa fusão? Quem ganha e quem perde?

Ora, é sabido que o Carrefour é uma multinacional que nunca primou pelo respeito ao movimento sindical. A empresa age comumente com desrespeito à sindicalização, a ponto de impedir a distribuição de informativo sindical nas lojas. Junto ao Grupo Pão de Açúcar, a rede totalizaria 1.202 lojas. A nova varejista nasceria com 216 mil trabalhadores (70,8 mil do Carrefour e 145 mil do Pão de Açúcar). Quantos desses terão suas contratações garantidas?

O que a CONTRACS quer é mobilizar os sindicatos filiados para o estado de alerta nesse momento de negociações. Precisamos garantir empregos, então o momento é de debate com os trabalhadores.

Fonte: Contracs