Assim se caracterizou o movimento estudantil de Teresina que, após o aumento da passagem de ônibus de 1,90 para 2,10, ou seja 10%, a classe estudantil mostrou sua força e união e conseguiu o inesperado e o impossível: a suspensão do aumento.

Só para entender, a maioria dos estudantes de Teresina é usuários de ônibus. Uma parte utiliza, no mínimo quatro passagem por dia, outros que trabalham e estudam é seis. Em valor de meia passagem a 1,05, por exemplo, isso daria por dia 6,30, para um estudante é muito dinheiro. Outro fato é a quantidade e qualidade dos ônibus que são precárias. Aqui em Teresina, os quatro últimos meses do ano é bastante quente e o transporte coletivo não proporciona nenhum conforta para se chegar a esse preço, sem contar que em alguns bairros da cidade, o passageiro espera até duas horas para chegar ao seu local de trabalho.

Desde segunda feira (29) enfrentando sol, e a polícia reprimindo o movimento, os estudantes da capital foram às ruas na luta para reverter o absurdo do valor da passagem de ônibus.

Foram cinco dias incansáveis que levaram a essa vitoria. O movimento começou pacífico e em pequena quantidade. Não houve muito esforços para movimentar a “galera” a não ser as redes sociais através da campanha #cotraoaumento, e os pequenos atos se transforma em multidão, tomando as principais avenidas como palco de protesto, fazendo a cidade para.

Estava difícil controlar seis mil pessoas que, a cada dia sentia sede de vencer e derrubar as decisões do poder de muitos empresários que não ouviam a sociedade. A cada dia uma negociação e após horas de conversa um não. As conseqüências dessa resposta que parecia se resolver somente com policiais nas ruas tentando calar os manifestantes, foi os estragos ao patrimônio. Ônibus quebrados e queimados foram considerados ato de vandalismo, pela mídia e autoridades, que se pronunciavam ao serem convidados a entrevistas. Uma dúvida nos cerca: o comportamento da polícia. Insultar, ferir, agredir verbalmente e fisicamente com balas de borracha, spray de pimenta nos olhos e no corpo detendo menores, fazendo com que muitos estudantes, ficassem com marcas por lutar pelos seus direitos, pode também ser considerado ato de vandalismo?