Publicada Sexta-feira, 09/12/2011
Denucie
Mulheres são as principais vítimas de assédio moral
"O medo e o silêncio submetem e dão mais força ao assediador."

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Ordens dadas aos gritos, ameaças com tons de deboche, redicularização em público. Muitos trabalhadores e trabalhadoras já vivenciaram situações como essas em seus ambientes de trabalho, se sentiram mal, mas nada puderam fazer, muitas vezes por não saber se tratar de crime de assédio moral, prática cada vez mais comum no mercado de trabalho, cujo alvo principal são as mulheres, muitas delas afro-descendentes.

O assédio moral caracteriza-se, principalmente, pela exposição de subordinados a situações humilhantes e constrangedoras relativas ao exercício da função. O constrangimento já começa na entrevista para a vaga do emprego, com restrições a mulheres com filhos e casadas. Muitas trabalhadores são analisadas por meio de detalhes discriminatórios, como religião, aparência e altura.

Há chefes que impedem o afastamento de mães que estão com filhos doentes em casa. Outros que obrigam funcionárias a se submeterem a exames de saúde desnecessários. E não é raro que o assédio moral seja consequência do assédio sexual não correspondido.

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 90% dos autores desse tipo de crime são chefes. As consequências variam entre perda de ânimo e problema de memória (82,5%); sensação de enlouquecimento (75%); baixa auto-estima (67,5%); e depressão (60%). A humilhação abala as relações de trabalho e ainda compromete a saúde do trabalhador. Porém, a violência moral é silenciosa. Muitas vítimas costumam não denunciar, por medo de demissão e de passar vergonha perante os colegas.

Uma das estratégias do agressor é a imposição de autoridade para aumentar a produtividade da equipe. Os resultados se traduzem em vítimas que, por estarem destruídas emocionalmente, se isolam do grupo e passam a usar drogas, principalmente o álcool, como método de fuga do problema.

Uma pessoa está assediando outras moralmente, segundo cartilha publicada pelo Ministério do Trabalho, quando:

- Promove ameaças constantes, amedrontando quanto à perda do emprego

- Sobe em mesas e chama a todos de incompetentes

- Repete a mesma ordem para tarefas simples, centenas de vezes, até desestabilizar emocionalmente o(a) subordinado(a)

- Sobrecarrega alguém de tarefas ou impede a continuidade do trabalho, negando informações

- Desmoraliza publicamente

- Ri, à distância e em pequenos grupos, direcionando os risos ao trabalhador

- Quer saber o que se está conversando

- Ignora a presença do(a) trabalhador(a)

- Desvia da função ou retira material necessário à execução da tarefa, imepdindo sua execução

- Troca turnos de trabalho, sem prévio aviso

- Manda executar tarefas acima ou abaixo do conhecimento do trabalhador

- Dispensa o trabalhador por telefone, telegrama ou correio eletrônico, estando ele em gozo de férias

- Espalha entre os(as) colegas que o(a) trabalhador(a) está com problemas nervosos

- Sugere que o trabalhador peça demissão devido a problema de saúde

- Divulga boatos sobre a moral do trabalhador

Portanto, ao perceber o quadro de assédio moral, a vítima não deve se intimidar, mas resistir. Conversar com colegas que possam ser testemunhas do crime, anotar as humilhações sofridas e, principalmente, denunciar ao sindicato, associação, conselhos, comissões de fábrica, Ministério do Trabalho, Câmara Municipal ou à Assembleia Legislativa.

Fonte: Contracs