Publicada Quinta-feira, 05/01/2012

Trabalho aos domingos: nem emprego, nem vendas
A abertura do comércio aos domingos só agrava a realidade muito dura já vivida pelos trabalhadores do comércio: jornada de trabalho excessiva, estresse e saúde debilitada.

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Essa realidade tão próxima de todos nós e a experiência de outros países alertam: a abertura do comércio aos domingos é um grande equívoco.

Se queremos estar inseridos na modernidade, precisamos, no mínimo, estar bem informados: em muitos países considerados “desenvolvidos”, a abertura do comércio aos domingos e feriados é um episódio ultrapassado e que foi considerado desastroso para toda a sociedade.

Na Europa, por exemplo, a maioria dos países com forte movimento turístico tem apenas as áreas prioritárias para o atendimento ao turista em funcionamento aos domingos. Na Holanda, Áustria e Grécia o comércio simplesmente não abre aos domingos. Já na Alemanha e na Espanha, há um número máximo permitido para a abertura aos domingos: na Alemanha é de quatro domingos por ano e na Espanha é de 12.  Na Bélgica, o comércio permanece fechado, abrindo excepcionalmente algumas lojas. O que podemos dizer disso?  Parece que a modernidade considerou esse assunto prejudicial à família e até à economia, porque a desarticulação social tem um preço muito alto.

Além disso, a abertura do comércio aos domingos não gera empregos, como defendem algumas entidades. A quantidade de contratações é irrisória.

Análises do desempenho do comércio aos domingos demonstram que a abertura dos estabelecimentos nesse dia é um grave equívoco, porque não há aumento nas vendas, não há contratação de trabalhadores e os funcionários que já trabalham nas lojas e estabelecimentos diversos não recebem mais pela atividade dominical.

Para abrir aos domingos, a maioria das empresas trabalha com revezamento de funcionários, gerando um excessivo número de horas-extras por pessoa. Durante a semana, nos dias de menor movimento – habitualmente de segunda à quarta-feira – os comerciários trabalham as oito horas diárias ou até um pouco menos e nos dias de pico – de quinta à sábado ou domingo – trabalha-se o quanto for necessário para atender o público.

O resultado disso é que o trabalhador do comércio chega a jornadas semanais de 48 a 56 horas que acarretam esgotamento físico e mental, pouco convívio familiar, nenhuma condição de lazer, nem tempo para expressar sua religiosidade, dificuldade de acesso ao conhecimento e progressão na carreira.

Mas não é só isso, os pequenos comerciantes também perdem, porque não têm condições de concorrer com as grandes redes e são obrigados a fechar as portas e demitir funcionários, agravando ainda mais o problema do desemprego.

Muito se fala que o funcionamento do comércio aos domingos aumenta as vendas o que também é um grave engano. O que aumenta de verdade as vendas é dinheiro no bolso do trabalhador e não um dia a mais para comprar.

A decisão de abertura ou não do comércio aos domingos tem grandes reflexos na sociedade. Afinal, fere gravemente o convívio familiar e causa mais desarticulação social e problemas de saúde do que qualquer outra coisa.

Fonte: Contracs