Publicada Segunda-feira, 31/07/2023
LUTA
Sergio Nobre: queda do desemprego seria ainda maior se juros estivessem mais baixos
Presidente da CUT exalta queda de 8% no desemprego, índice mais baixo desde 2014. País cria 1 milhão de vagas formais e 86% dos reajustes salariais têm correção acima da inflação

                1

 Publicado: 28 Julho, 2023 - 13h45 | Última modificação: 28 Julho, 2023 - 15h38

Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Vanilda Oliveira

O Brasil apresenta sinais de melhora econômica com queda no índice de desemprego de 8,3% para 8%; com o aumento de mais de 1 milhão de vagas formais de trabalho abertas; a estabilidade da renda do trabalhador e com os reajustes salarias acima da inflação, segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Emprego e Trabalho (MTE) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), respectivamente. Veja os números abaixo.

Apesar dessa melhora, o país ainda tem de conviver com o arrocho econômico provocado pelo Banco Central (BC) que mantém a taxa de juros, a Selic, em 13,75%, a maior do mundo com juro real de 10%, já que a inflação está em torno de 3%.

Ao ignorar os sinais positivos da economia como a queda da inflação, para privilegiar o rentismo e os que têm fortunas aplicadas em bancos, o presidente do BC Roberto Campos Neto, rema contra o crescimento do país, analisam economistas, sindicalistas e até mesmo empresários que não conseguem expandir seus negócios e abrir novas vagas de emprego por culpa do crédito caro.

O presidente da CUT Sérgio Nobre é ferrenho crítico da atual política de juros do Banco Central. Para ele, Campos Neto já deveria ter sido afastado do cargo pelo Senado Federal. Com a independência do BC no governo de Jair Bolsonaro (PL), aprovada pelo Congresso Nacional, apenas os senadores podem retirar o presidente do BC do cargo.

“O país já não aguenta mais a taxa elevada de juros. Todos perdem, o governo que tem de pagar R$ 38 bilhões a cada 1% que o BC cobra de juros, dinheiro que poderia ir para a saúde, a educação; perdem os empresários por não ter crédito para investir e gerar empregos, e perdem especialmente as famílias brasileiras por estarem cada vez mais endividadas com cartão de crédito, juros de cheque especial e prestações”, diz Sérgio Nobre.

O presidente nacional da CUT ressalta, no entanto, que a queda no índice do desemprego e os reajustes salariais acima da inflação são lutas vitoriosas do movimento sindical brasileiro, a partir da eleição de um governo democrático e progressista, que respeita e prioriza a classe trabalhadora e seus representantes legítimos.

“Nós lutamos para eleger do presidente Lula, um homem forjado no movimento sindical, que já comandou o Brasil com êxito em dois outros mandatos. Mas, hoje existem adversários como o bolsonarista Campos Neto, que trabalham contra o governo atual e, para isso, boicotam a economia do país”, critica o presidente nacional da CUT.

Sergio Nobre avalia que a previsão de baixar os juros em 0,25%, segundo analistas econômicos, ainda é pouco para o país se reerguer economicamente com maior rapidez. O Comitê de Política Econômico (Copom), do BC, responsável por definir os juros, se reúne nos dias 1 e 2 de agosto, para apresentar nova proposta ou manter a atual taxa.

“O povo brasileiro precisa se mobilizar e ir às ruas para manifestar a sua insatisfação com os juros altos. A CUT integra comitês de luta que farão até o próximo 2 de agosto mobilizações por juros baixos”, diz.

Leia mais Comitês de Luta farão atos contra os juros altos a partir desta sexta (28)

Desemprego, vagas formais e reajustes salariais

O nível de desemprego no país está em 8%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o menor índice para o segundo trimestre, encerrado em junho, desde 2014.

Houve um recuo de 0,3 ponto percentual em relação ao 1º trimestre do ano (8,3%). Na série histórica trimestral, foi o melhor resultado desde o 4º trimestre do ano passado (7,9%).

A queda no desemprego em relação ao mesmo período do ano passado foi de 1,3 ponto percentual. Em 2022 estava em 9,3%. Em 12 meses a queda do desemprego é ainda maior, de 14,2%.

A renda do trabalhador ficou estável em comparação com o trimestre passado, mas com ligeira queda, de R$ 2.923 para R$ 2.921.

Na comparação anual da pesquisa IBGE os dados são os seguintes:

Ocupados: 98,910 milhões (+0,7%)

Desempregados: 8,647 milhões (-14,2%)

Desalentados: 3,672 milhões (-13,9%)

Renda média: R$ 2.921 (+6,2%)

Leia aqui a pesquisa completa do IBGE.

Aumento no emprego com carteira assinada

Outro dado positivo em relação ao emprego é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O número de vagas formais, com carteira assinada chegaram a 1 milhão, 23 mil e 540, nos seis primeiros meses deste ano. Embora o saldo tenha sido positivo, o número é 26% menor que o registrado no 1º semestre do ano passado, que chegou a 1 milhão 388 mil e 10.

Somente no mês de junho deste ano o saldo positivo foi de 157.198 mil empregos, resultado de 1.914.130 admissões e de 1.756.932 desligamentos.

Reajustes acima da inflação

Das categorias profissionais com data-base em junho, analisadas pelo Dieese até 09 de julho, 85,9% conquistaram aumentos reais nos salários, na comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).

Outras 12,3% alcançaram reajustes iguais a esse índice de preços, e apenas 1,8% não conseguiram recompor as perdas inflacionárias. O Dieese destaca que 21% das negociações de 2023 obtiveram ganhos reais superiores a 2% sobre o índice da inflação. A variação real média dos salários fica 1,07% acima do índice.

Para o Dieese, é possível que o novo reajuste do salário mínimo , concedido em maio pelo governo Lula, tenha influenciado positivamente o resultado das negociações nas últimas duas datas-bases, acentuando tendência positiva que vem desde o final do ano passado.

Os dados estão no boletim “De olho nas negociações” nº 34.  Leia aqui a pesquisa completa do Dieese.

 

Desemprego